The Uncomfortable Silence

Cozinhando Sua Confiança: Silenciando sua Crítica Interna, Mexendo com Sua Proatividade

Senta que lá vem a história

Quando eu tinha 25 anos e me mudei para os Estados Unidos para aprender inglês, estava no processo de publicar meu primeiro (e único) artigo de pesquisa sobre Voz Profissional. A pesquisa havia sido aceita para ser apresentada em um dos maiores simpósios no campo do Cuidado Vocal para Usuários de Voz Profissional, como cantores, atores, atrizes, professores, etc., chamado The Voice Foundation. Quando minha orientadora e eu submetemos o artigo para revisão, eu não tinha planos de me mudar para os EUA, muito menos apresentar diante de figuras proeminentes da área - professores e educadores que eu só conhecia pelos livros que estudei. 


O plano era para o minha orientadora apresentar caso meu artigo fosse aceito. Dois meses depois de chegar aos Estados Unidos, recebi a boa notícia de que meu artigo tinha sido aceito, juntamente com a pergunta da minha orientadora: “Já que você está nos EUA, gostaria de voar para a Filadélfia e apresentar o artigo você mesma?”. Eu tinha 3 meses para me preparar, mas como eu poderia? Mal sabia como juntar uma frase de três palavras em inglês. Como poderia fazer uma apresentação de 20 minutos em inglês? E as perguntas após o discurso? Como poderia responder ao Professor Robert Sataloff (um professor MD cujo trabalho baseei toda minha pesquisa) se ele tivesse uma pergunta ou algum feedback para mim? 


Apesar do meu conhecimento sobre a pesquisa na qual trabalhei tão duro, minha crítica interna continuava sussurrando dúvidas: “E se você falhar?”, “E se minhas palavras em inglês não forem compreensíveis?” “E se nenhuma palavra sair da minha boca?”, “Minha orientadora fala inglês perfeito; nunca serei capaz de apresentar tão bem quanto ela”. Tentando não pensar demais, respondi a ela, informando que aceitava o desafio. Tinha que aprender a navegar pelos sons da autocrítica, medo, comparação, ansiedade e incerteza se quisesse ter sucesso em minha carreira. 


Enquanto reconhecia meus medos, em vez de sucumbir a eles, usei-os como combustível para me esforçar mais e aprimorar minhas estratégias para aprender inglês o mais rápido possível. Para silenciar minha crítica interna, estabeleci metas pequenas e alcançáveis para este projeto e comemorei cada conquista, por menor que fosse. Busquei ajuda da minha professora de Inglês para preparação e o feedback que ela me deu não só proporcionou novas perspectivas, mas também aumentou minha confiança.


No dia da apresentação, tive que trabalhar muito para gerenciar minha crítica interna porque ela veio mais forte do que nunca. Fiz uma apresentação convincente o suficiente para chamar a atenção do Professor Santaloff. Ele se aproximou de mim depois para dar um feedback, o que eu recebi com um largo sorriso e lhe dei um abraço inesperado, tornando o momento um pouco constrangedor. No entanto, permaneci animada e feliz, porque tinha alcançado meu objetivo.

Vamos falar sobre isso:

Aquela foi uma ocasião em que gerenciei com sucesso minha crítica interna, mas houve inúmeras outras em que não fui tão bem-sucedida. Se você se identifica, concordará que a autocrítica muitas vezes parece incrivelmente convincente. A autocrítica tende a surgir quando nos deparamos com oportunidades de avançar e ser visíveis, seja na vida pessoal ou profissional. É como se nossa crítica interna quisesse que permaneçamos pequenas, tanto pessoalmente quanto profissionalmente. Ela evoca sentimentos de vergonha ("Não sou boa suficiente"), escassez ("O que posso oferecer de verdadeiramente original?"), ou, em um cenário de entrevista de emprego, pensamentos como "Tenho certeza de que outros estão mais qualificados para esta vaga do que eu." Também gera comparações, como "Meu colega é muito mais experiente; ele deveria liderar o projeto". 


Uma vez, ouvi uma psicóloga explicar que, como bebês, não possuímos críticas internas; por exemplo, um bebê chorando no berço não tem pensamentos internos como "não seja um bebê chorão". Nossa crítica interna se desenvolve a partir de influências externas, frequentemente nos transmitindo mensagens que, apesar de parecerem verdadeiras, não são necessariamente precisas. 


É crucial reconhecer sinais que desafiem essas "vozes" e racionalizar sua validade. Por exemplo, antes de uma apresentação importante, partes de nós podem se sentir inseguras, desencadeando o impulso da crítica interna de se proteger, desencorajando-nos de nos expormos. Em tais momentos, é essencial reconhecer a presença da crítica interna, mas não permitir que ela nos controle. Podemos abordá-la diretamente, dizendo: "Obrigada pelo seu ponto de vista, mas estou no controle. Você não toma decisões por mim." Quando sua crítica interna gera pensamentos, lembre-a firmemente: "Eu sei que você está aqui, mas vou seguir em frente, e não estou interessada no seu feedback." 


No entanto, distinguir entre a crítica interna e o pensamento crítico realista pode ser complicado. Um indicador-chave é o tom dos seus pensamentos: a crítica interna tende a ser repetitiva ("Isso não vai funcionar"), binária ("Você vai falhar ou ter sucesso, mas tenho certeza de que vai falhar"), e muitas vezes mais severa do que a maneira como você falaria com um ente querido. Se as vozes em sua cabeça forem mais rudes e severas, provavelmente é a crítica interna falando. O pensamento realista ou seu pensamento crítico (aqueles que realmente precisamos ouvir) são mais "progressivos", como se você tivesse sido promovida recentemente a um cargo de gerente e pensasse que não está indo bem - "Tenho evidências de que não estou gerenciando bem essa equipe, com impacto negativo no desempenho, então o que posso fazer para apoiar melhor minha equipe? Vou falar com a Julia, que é mais experiente do que eu, e discutir algumas idéias sobre próximos passos para melhorar minhas habilidades de liderança."


Tentei pesquisar sobre a autocrítica para validar uma suposição comum: que as mulheres experimentam mais autocrítica do que os homens. Alguns estudos apoiam essa idéia, enquanto outros a refutam. No entanto, o que é consistente nas pesquisas é que as mulheres tendem a sentir mais autocrítica ou dúvidas em ambientes dominados por caminhos tradicionalmente masculinos, como habilidades de negociação ou posições de liderança de alto nível (C-level). Por outro lado, em áreas tipicamente associadas às mulheres, como habilidades de escuta e relacionais, os homens podem experimentar mais autocrítica.


Adoro cozinhar e estou longe de ser um chef, mas encontro paz e prazer ao fazer comida para minha família. E outro dia estava pensando em como a autocrítica pode ser ilustrada em um cenário na cozinha. Imagine sua mente como uma cozinha movimentada de restaurante. Sua crítica interna é o sous-chef exigente que constantemente aponta o que pode dar errado e examina cada ingrediente, enquanto sua tendência a tomar uma ação é o chef principal, avançando com confiança, experimentando e criando pratos.


Como acalmamos o sous-chef exigente? Reconhecemos a intenção do sous-chef de garantir a qualidade, mas limitamos sua participação para evitar que afete o progresso. O chef principal pode ouvir suas preocupações, mas, em última análise, toma as decisões. Ao mesmo tempo, lembramos ao sous-chef que a perfeição não é o objetivo - pratos deliciosos e bem preparados são. Os erros fazem parte do processo e podem levar a melhorias inesperadas.


Como amplificamos nossas ações para aparecer mais e ser vistas? Continuamos cozinhando. O chef principal cozinha continuamente e refina as receitas. Da mesma forma, mantenha sua tendência à ação dando passos consistentes em direção aos seus objetivos, aprendendo e se adaptando ao longo do caminho. Enquanto isso, celebre pequenas vitórias. Como um chef que prova e ajusta o tempero à medida que avança, celebre pequenas conquistas para manter a moral elevada e manter o progresso.


Usamos uma receita clara (um plano) para orientar nossas ações. Metas claras fornecem estrutura e reduzem as oportunidades da crítica interna para criar dúvidas. E precisamos estar abertas para revisar regularmente nosso progresso e refinar nossa abordagem, assim como um chef aperfeiçoa um prato ao longo do tempo.


Ao gerenciar o sous-chef e capacitar o chef principal, você pode manter sua crítica interna sob controle e amplificar sua tendência à ação, criando e melhorando continuamente ao longo do caminho.


Em situações cotidianas, como no trabalho ou ao passar tempo com família e amigos, quando tentamos algo novo, emocionante ou desafiador, nossa crítica interna pode surgir. É importante notá-la, mas não deixar que nos impeça de crescer e tentar coisas novas.


Como seria o mundo perfeito?


  • Gerenciamos nossa autocrítica reconhecendo e desafiando pensamentos negativos enquanto cultivamos a autocompaixão.

  • Estabelecemos metas realistas e buscamos feedback.

  • Focamos no crescimento pessoal, limitando comparações.


Para pensar e refletir:

"A comparação é a ladra da alegria." por Theodore Roosevelt


Bora dar o primeiro passo:


O que você tentaria fazer se soubesse que não seria julgada por ninguém, incluindo você mesma?


Indicações de leitura:

Chatter - The Voice in Our Head, Why It Matters, and How to Harness It - neste livro, Ethan Kross oferece ações simples e fáceis para silenciar nosso diálogo interno.



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