Ser mulher é meu maior superpoder!


Senta que lá vem a história

Mia, amiga da Lila, ligou para ela para compartilhar uma situação que aconteceu com ela e hoje finalmente encerrou o assunto e queria compartilhar com sua amiga.


Mia é uma engenheira talentosa, mas constantemente enfrenta estereótipos em seu local de trabalho dominado por homens. Apesar dos desafios, Mia está determinada a provar seu valor e inspirar mudanças.


“Lila, você não vai acreditar no que aconteceu na reunião da equipe hoje. Lembra do meu colega, Tom? Aquele que faz comentários inadequados com frequência?”


“Sim! Fico louca com as histórias que você me conta sobre ele. Quando alguém vai confrontá-lo?” Lila diz com pouca paciência, antecipando que uma nova história ruim está a caminho.


Mia continua: “Algumas semanas atrás ele disse: ‘Mulheres não têm aptidão para engenharia. Elas são muito emocionais e carecem de habilidades técnicas’. Você acredita? No nosso grupo de 7 pessoas, 3 somos mulheres”.


“Não acredito”, responde Lila, incrédula com o que está ouvindo.


“Oh Lila, minha determinação estava mais forte do que nunca. Eu disse: ‘É mesmo, Tom?’ E então calmamente, continuei - ‘Bem, deixe-me mostrar o que esta mulher 'emocional' pode fazer’.


Com isso, Mia embarcou em um projeto para desenvolver uma nova tecnologia revolucionária que otimizaria as operações da empresa. Apesar da incredulidade e resistência de seus colegas homens, Mia perseverou, colocando sua paixão e expertise em seu trabalho.

Meses se passaram, e o dia da apresentação do projeto chegou. Enquanto Mia se posicionava confiante diante do conselho de diretores, ela revelou sua inovação com orgulho. A sala se encheu de excitação enquanto Mia explicava sua visão e o impacto que teria na empresa.


Mia continua contando para Lila: 


“E aqui está a melhor parte: O Tom, que duvidou de mim desde o início, se aproximou de mim após a apresentação que fiz para os diretores e disse: ‘Tenho que admitir, Mia, subestimei você’. Ele foi sincero. Eu senti isso. Ele então concluiu: ‘Você provou que as mulheres pertencem à engenharia, e sinto muito por ter duvidado de você’.


“Como você respondeu?” Lila perguntou ansiosamente.

“Eu sorri graciosamente, estendi a mão para ele e disse: ‘Desculpa aceita, Tom. Mas vamos usar isso como uma oportunidade para quebrar barreiras e construir um ambiente de trabalho mais inclusivo juntos’.


“Nossa, estou tão orgulhosa de você”. Lila a elogia.


A coragem, determinação e crença inabalável de Mia em si mesma não apenas quebraram estereótipos, mas também abriram caminho para um futuro mais brilhante para mulheres na engenharia.


Vamos falar sobre isso:


Estereótipos sobre mulheres têm sido prevalentes ao longo da história e continuam afetando mulheres em várias esferas da vida. Compilei os principais estereótipos que observei sobre mulheres, excluindo aqueles relacionados à beleza e sexualidade para o propósito deste post. 


Vamos dar uma olhada e ver se você se identifica com alguns deles. Alerta de spoiler: ler esses estereótipos pode despertar sentimentos de raiva, sensação de injustiça e frustração. Continue firme; abordaremos e transformaremos esses sentimentos na segunda parte deste post.


Parte I: Verdade ou Mentira


  • “Mulheres são fracas”: Mulheres frequentemente são estereotipadas como fisicamente e emocionalmente mais fracas que os homens, levando a suposições sobre nossa incapacidade de lidar com tarefas fisicamente exigentes ou situações estressantes.

  • “Mulheres são emocionais”: Mulheres são excessivamente emocionais ou irracionais, o que pode minar nossa credibilidade e habilidades de tomada de decisão, especialmente em cargos de liderança.

  • “Mulheres são cuidadoras”: Mulheres frequentemente são esperadas a desempenhar papéis tradicionais de cuidado, como cuidar dos filhos e gerenciar responsabilidades domésticas, independentemente de nossas preferências pessoais ou aspirações de carreira.

  • “Mulheres são submissas e passivas”: Mulheres às vezes são retratadas como passivas e submissas, especialmente em relacionamentos românticos ou ambientes profissionais onde a assertividade é valorizada.

  • “Mulheres não são feitas para STEM”: Em áreas como ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM), as mulheres enfrentam estereótipos sugerindo que somos menos capazes ou interessadas nessas disciplinas em comparação com os homens, levando a sub-representação e barreiras ao avanço.

  • “Mulheres são fofoqueiras e tagarelas”: Mulheres às vezes são estereotipadas como mais propensas a fofocar ou serem tagarelas demais, o que pode minar nossas contribuições e profissionalismo em ambientes sociais e profissionais.

  • “Mulheres têm ambições de carreira limitadas”: Mulheres podem enfrentar estereótipos sugerindo que somos menos ambiciosas ou capazes de cargos de liderança em comparação com os homens, o que pode resultar em barreiras ao avanço na carreira e oportunidades desiguais de desenvolvimento profissional. As mulheres também são vistas como precisando escolher entre família e carreira.

  • *Extra - “Mulheres são motoristas incompetentes”: Existe um estereótipo de que as mulheres são menos habilidosas ou confiantes como motoristas do que os homens, apesar de evidências mostrarem que não há diferença significativa nas habilidades de direção entre os gêneros.


Como isso tudo te faz sentir? Mesmo para mim, que sabia para onde queria ir, começar um post assim, pesquisar e escrever esses estereótipos sobre mulheres me deixou muito frustrada. Me peguei sentindo raiva de que até hoje ainda possamos experimentar esses estereótipos em nosso dia a dia, e muitas vezes vindos de pessoas próximas a nós. Esses estereótipos podem ter consequências prejudiciais, perpetuando a desigualdade de gênero e limitando nossas oportunidades de crescimento pessoal e profissional. Dito isso, é importante desafiar e desmantelar esses estereótipos para criar uma sociedade mais inclusiva e igualitária. Mas como fazemos isso? Transformamos estereótipos em algo positivo. Isso exigirá uma combinação de resiliência, autoconhecimento e pensamento estratégico. Na parte II, discutiremos como as mulheres podem transformar os estereótipos ao seu favor.


Parte II: Ser mulher é nosso superpoder!


Uma vez eu estava em uma conferência e tive o prazer de assistir a um discurso de uma professora de Harvard chamada Laura Huang. Ela escreveu um livro chamado “Edge” onde ela demonstra como os indivíduos podem aproveitar suas experiências, origens e desafios únicos para se destacar em ambientes competitivos. O que realmente me marcou foi que em seu livro ela mostra como a adversidade pode ser transformada em um catalisador para o sucesso.

Quando uma amiga sugeriu que eu escrevesse sobre como podemos transformar os estereótipos das mulheres em algo positivo, o livro de Huang me veio à mente. Em vez de ficar com raiva quando ouvimos e experimentamos esses estereótipos e ficarmos sem ação, e se abraçássemos nossas experiências únicas como mulheres para superar obstáculos e prosperar em nossas carreiras e vidas pessoais? Ok, mas de novo, como fazemos isso?


Vamos reexaminar os estereótipos que as mulheres enfrentam, desta vez através da lente do 'Edge'. Vamos explorar o outro lado da moeda. Por favor, tenha em mente que, como qualquer generalização, o texto a seguir pode não se aplicar perfeitamente a todas as mulheres que estão lendo este post. O objetivo é demonstrar que o que pode parecer como falhas podem e devem ser transformadas em algo positivo.


  • “Mulheres são fracas”: A força vem em várias formas e não é limitada pelo gênero. As mulheres trazem forças únicas para diferentes situações, como empatia, colaboração, adaptabilidade e perseverança. Também temos melhor percepção, o que nos dá uma vantagem para reconhecer as áreas que precisamos melhorar e ter a determinação para superá-las. Somos boas aprendizes. Mostramos humildade, entusiasmo e energia ao nos engajarmos no processo de aprendizado. A jornada da ignorância para a competência é excitante para nós. História pessoal: tenho uma amiga que passou por tratamento de fertilidade 16 vezes até realizar o sonho de ser mãe. Parece uma mulher fraca para você?

  • “Mulheres são emocionais”: Todos temos emoções, a diferença está em como lidamos com nossas emoções. As mulheres expressam uma gama mais ampla de emoções, em comparação aos homens, incluindo empatia e cuidado com o outro. Podemos sentir as emoções das pessoas ao nosso redor. Ouvimos as perguntas não ditas. Antecipamos a necessidade. Ajudamos as pessoas a encontrar as frases certas para expressar seus sentimentos. Somos positivas. Somos generosas com elogios, rápidas para sorrir e constantemente em busca do positivo em situações. Celebramos cada conquista. Encontramos maneiras de tornar as coisas mais emocionantes e vitais. Seja em casa, com amigos ou no trabalho, nossa consciência emocional e estratégias de enfrentamento (sendo mais colaborativas e buscando ajuda) nos ajudam a construir e manter relacionamentos significativos. Cuidamos dos outros! História pessoal: tenho uma colega de trabalho com habilidades excepcionais de escuta. Após notar desacordos prolongados entre mim e um colega em um projeto que tínhamos que colaborar, ela nos reuniu proativamente. Ela ouviu nossas preocupações, validou nossas perspectivas e facilitou um diálogo construtivo. Ao nos fazer colocarmos um no lugar do outro e incentivar a comunicação aberta, ela nos ajudou a chegar a um consenso sobre uma abordagem híbrida que integrava os melhores elementos de nossas diferentes propostas. Essa situação reflete negativamente a consciência emocional, ou destaca seu papel valioso em promover entendimento e colaboração?

  • “Mulheres são submissas e passivas”: a maioria das mulheres que conheço são altamente realizadoras. Todo dia para elas começam do zero e ao final do dia elas alcançam algo tangível (finalizam um projeto no trabalho, completam tarefas em casa, lideram uma reunião de equipe, garantem que cada criança chegue às suas atividades a tempo, etc). Elas são determinadas e focadas. Sabem para onde estão indo. História pessoal: talvez eu seja tendenciosa pela quantidade de mulheres proativas e assertivas com as quais estou cercada. Há apenas uma situação em que gosto de praticar a submissão positiva e adoraria ver mais homens fazendo isso também. Isso acontece durante sessões de brainstorming. Quando incentivamos os membros da equipe a compartilhar suas ideias livremente, precisamos ouvir ativamente suas perspectivas sem dominar a discussão e garantir que membros da equipe mais silenciosos ou menos assertivos tenham a chance de contribuir. Essa abordagem fomenta um ambiente colaborativo e inclusivo onde todos se sentem valorizados e ouvidos, levando a soluções mais criativas e eficazes.

  • “Mulheres não são feitas para STEM”: as mulheres são ativadoras, sempre perguntando - “quando podemos começar?”. Temos um viés para a ação. Também temos disciplina. Colocamos as coisas em ordem, planejamos com antecedência, estabelecemos rotinas, dividimos projetos de longo prazo em uma série de planos específicos de curto prazo, tomamos o controle. Não há campo ou indústria que não apreciaria e se beneficiaria dessas qualidades. História pessoal: não estou no STEM, mas nos últimos 15 anos trabalhei na indústria de tecnologia e vi muitas mulheres incríveis na tecnologia que me inspiraram a explorar novos mundos. Quando meu marido recomendou que eu lesse "The worlds I see" da Fei-Fei Li, pensei que seria um livro “chato/ técnico” sobre Inteligência Artificial, mas decidi ler porque foi escrito por uma imigrante. Fiz muito bem de ter lido, porque além de me ensinar muito sobre os primórdios da IA, me inspirou a dar o primeiro passo para fazer algo significativo para mulheres (daí a idéia desse blog). Fei-Fei imigrou para os EUA da China quando era adolescente e, apesar dos desafios que teve que enfrentar (pobreza, preconceito, doença na família), conseguiu se tornar uma das maiores contribuintes para a IA, focando em IA centrada no humano. Ela co-fundou a iniciativa AI4ALL, que visa aumentar a diversidade e inclusão nos campos de IA e ciência da computação, fornecendo oportunidades educacionais para grupos sub-representados, incluindo mulheres e minorias. Ao reformular sua origem (imigrante e pobre) como uma fonte de força em vez de fraqueza, Fei-Fei demonstrou como a adversidade pode ser transformada em um catalisador para o sucesso. Sua jornada serve como um exemplo inspirador de como as mulheres podem aproveitar suas experiências pessoais para alcançar realizações extraordinárias em suas vidas profissionais, mesmo que seja em uma indústria ainda mais dominada por homens. A resiliência e determinação que nós mulheres temos, pode nos ajudar a prosperar em qualquer lugar. A jornada pode não ser fácil, mas se Fei-Fei chegou onde sonhava, por que nós não podemos?

  • “Mulheres são fofoqueiras e tagarelas”: deixe-me reformular isso: “Mulheres são inclusivas”. Tendemos a expandir o círculo, queremos incluir pessoas e fazê-las parte do grupo. Podemos ser tagarelas pelos motivos certos. Procuramos por conexões. Somos empáticas. Ajudamos a trazer harmonia para nossas casas e equipes. Procuramos áreas de concordância, quando sabemos que as pessoas ao nosso redor têm visões diferentes, tentamos encontrar um terreno comum. Ouvimos. Somos atenciosas, carinhosas e aceitamos. As pessoas nos contam coisas porque confiam em nós. Somos estratégicas no que e como disseminamos informações que são necessárias. Temos um “sexto sentido” ou uma perspectiva que nos permite ver padrões onde outros simplesmente veem complexidade.

  • “Mulheres não têm grandes ambições de carreira”: infelizmente muitas mulheres ainda enfrentam o estereótipo de que você pode ser OU uma boa mãe OU uma profissional. Eu digo, não precisamos aceitar “ou/ou”, podemos ser AMBOS, boas mães E profissionais incríveis. Muitas das habilidades que adquirimos quando nos tornamos mães são transferíveis para nosso trabalho e vice-versa. História pessoal: minha filha de 7 anos me disse uma vez “Mãe, tenho um feedback para você: você precisa dar uma segunda chance às pessoas”. Um pouco de contexto para você não me julgar como uma mãe injusta - isso foi depois de eu ter dito a ela para escovar os dentes pela décima vez e ter perdido com ela. Ela sempre me diz que quer ser uma veterinária de sucesso e ter 4 filhos (2 meninos e 2 meninas). Quando a desafio a pensar o quão difícil isso poderia ser, ela diz: “Se você pode fazer isso com 3, o que é mais um? Além disso, meus filhos me ajudarão a cuidar dos animais” - Espero que a próxima geração cresça sabendo que não precisam limitar suas ambições, na vida e profissionalmente. Eles podem ter tudo. Isso requer determinação (ser focado enquanto é flexível), resiliência (aprendendo com o que não funcionou no passado e se adaptando) e humildade (aceitando nossas oportunidades e quando precisamos de ajuda).


  • “Mulheres não sabem dirigir”:
    adoro a história de Verna Meyer sobre quando estava num vôo e ficou emocionada ao ver uma piloto mulher no comando. Como defensora da inclusão, testemunhar uma piloto mulher encheu seu coração de orgulho e felicidade. No entanto, quando o avião passou por uma turbulência severa, o primeiro pensamento de Verna foi: 'Espero que ela saiba dirigir.' Essa experiência destaca como os preconceitos podem estar profundamente enraizados em nosso subconsciente, surgindo em momentos de incerteza ou medo. História pessoal: venho de uma família de mulheres fortes e excelentes motoristas. Cresci vendo minha mãe e tias assumirem o volante com confiança. Hoje, brinco com meu marido dizendo que fico enjoada se não estiver dirigindo, mas a verdade é que sou uma motorista melhor!

Espero que os exemplos neste post mostrem as capacidades e forças multifacetadas das mulheres. Espero que você se sinta empoderada para desafiar estereótipos e fazer as pessoas perceberem que ser mulher não é nossa fraqueza, é nosso maior superpoder. Temos uma lista interminável de capacidades e habilidades que podem ser usadas para nos impulsionar.


Assim como na história da amiga de Lila, Mia, Fei-Fei Li e muitas outras mulheres, elas enfrentaram desafios, mas acabaram fazendo a diferença — não apenas para si mesmas, mas para mulheres em todos os lugares. Em vez de nos sentirmos intimidadas ou desencorajadas pelos estereótipos de mulheres como mais fracas ou menos capazes, vamos usar determinação e perseverança para superar obstáculos e alcançar nossos objetivos. Vamos usar os estereótipos como combustível para provar os incrédulos errados, demonstrar nossa resiliência e abrir caminho para nossas filhas e sobrinhas. Que nossas histórias inspirem outros a sonhar grande, desafiar expectativas e romper barreiras.

Como seria o mundo perfeito?

  • Não permitimos que esses estereótipos nos definam. Em vez disso, os transformamos em nossos superpoderes!

Para pensar e refletir:

“A cultura não faz as pessoas. As pessoas fazem a cultura. Se é verdade que a plena humanidade das mulheres não é nossa cultura, então podemos e devemos fazer dela nossa cultura.” de Chimamanda Ngozi Adichie


Suas palavras inspiram ação e desafiam o status quo, advogando por uma cultura que abrace e valorize a plena humanidade das mulheres.


Bora dar o primeiro passo:

  • Abrace sua individualidade e singularidade, e incentive outras mulheres a fazerem o mesmo.

  • Identifique uma coisa que está te segurando e use-a como motivação para se destacar no que quer que você queira fazer. Isso ajudará você a desbloquear todo o seu potencial.

  • Reformule estereótipos como forças e oportunidades de crescimento, assim podemos nos capacitar e empoderar outros a romper barreiras, desafiar normas e criar uma sociedade mais inclusiva e igualitária.


Indicações de leitura:

  • Strengths finder  - este livro oferece um teste que ajuda você a identificar e aproveitar seus pontos fortes, o que ajuda a promover autoconsciência e construir equipes e organizações eficazes.

  • Edge - transformando adversidade em vantagem - explora como os indivíduos podem aproveitar suas qualidades e experiências únicas, frequentemente vistas como desvantagens ou obstáculos, para criar vantagens competitivas e alcançar o sucesso.

  • The worlds I see  - o livro de Fei-Fei aborda tópicos como o potencial impacto da IA na sociedade, a importância do desenvolvimento ético da IA, avanços em tecnologias de visão computacional e estratégias para fomentar a diversidade e inclusão na pesquisa e aplicações de IA.

  • Never Have I Ever - série da Netflix onde a personagem chamada Fabiola enfrenta desafios enquanto tenta navegar pelos mundos da STEM

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