The Uncomfortable Silence

"Eu sou uma fraude!"



“Senta que lá vem a história!” 

Lila estava trabalhando duro para uma promoção. Seu desempenho tinha sido excepcional e consistente e, mesmo sentindo-se pronta para assumir mais responsabilidades, havia uma voz alta em sua cabeça dizendo: "A qualquer momento eles perceberão que será um erro considerar-me para a promoção!".

Na última vez em que Lila foi promovida, sua gerente (mulher) disse que ela não tinha experiência suficiente em gerenciar pessoas. Lila não pôde deixar de discordar! Claro, ela não tinha subordinados diretos, mas tinha liderado projetos e impressionado e encantado clientes diariamente. De qualquer forma, Lila se convenceu de que sua chefe estava certa. Afinal de contas, Lila evitaria ser desmascarada por seus "comportamentos fraudulentos" ao evitar essa promoção. 

Todas os elogios que as outras pessoas lhe davam, seu histórico impecável de vendas de alto desempenho e suas incríveis habilidades de gerenciamento de clientes não eram suficientes para fazer Lila acreditar que ela não apenas merecia a promoção, mas também seria capaz de fornecer um impacto ainda maior para a receita da empresa. 

Então, Lila sucumbiu ao seu diálogo interno: "Eu não estou pronta!", "Devo esperar mais alguns anos e tentar novamente", "Olhe para o Manuel, ele está tão pronto para a promoção. Ele é tão confiante nas reuniões", "Já estou uma pilha de nervos, imagine com mais responsabilidades? Isso será demais para mim". "Eu não pertenço à equipe de liderança", "Sejamos honestos, eu meio que me sinto uma fraude. Vamos lá, como cheguei até aqui? Tenho sorte de estar onde estou agora. Deveria estar feliz e grata por isso". 

E com isso, ela deixou a oportunidade escapar, optando por nem mesmo tentar concorrer à promoção. Parece que sua luta interna ganhou esta rodada!" 

Vamos falar sobre isso 

Imagine se Lila fosse sua amiga. Você falaria com ela dessa maneira? Provavelmente não. Você provavelmente mostraria compaixão e bondade a ela. Mas você já falou consigo mesmo dessa maneira? Já se teve compaixão por você mesmo? Provavelmente, assim como Lila (e eu), você já experimentou a Síndrome do Impostor em algum momento da sua vida. Talvez ao concorrer a uma promoção ("Eu não sou bom o suficiente!"), ao descobrir que estava grávida ("Não estou pronta para ser mãe, nem consigo manter uma planta viva!"), ao conseguir um emprego incrível ("Estou aqui por acidente, eles devem ter me escolhido por engano"), ou ao começar um mestrado ("Eu não sei tanto quanto deveria para estar aqui"). 

A Síndrome do Impostor ocorre quando nos sentimos como impostores ou fraudadores, experimentando sentimentos de incompetência e falta de confiança. Frequentemente se manifesta como ansiedade, insegurança e incapacidade de apreciar nossos próprios sucessos. Apesar de evidências objetivas de alto desempenho, indivíduos com Síndrome do Impostor ainda podem se sentir ansiosos e ter dificuldade para internalizar as suas conquistas. 

Existem muitas razões pelas quais a Síndrome do Impostor pode estar presente em sua vida: seu ambiente familiar (o orgulho está ligado às conquistas), pressões sociais (ambientes de alta pressão ou pessoas abusivas em sua vida), senso de pertencimento (você se sente diferente dos outros ou se sente excluído) e personalidade (você internaliza sentimentos de pressão, dúvida e fracasso). 

O diálogo interno pode nos sabotar. A voz do sabotador dentro de nossos cérebros pode nos fazer acreditar que somos mesmo uma fraude. Como silenciamos os sabotadores em nossa cabeça? 

  • Reconheça que nosso crítico interno muitas vezes aparece em nossos pensamentos quando temos uma grande oportunidade. 
  • Não ignore suas emoções; domá-las reconhecendo sua presença. 
  • “Saia” de sua cabeça (pare a ruminação) e “entre” em agir com possíveis passos (seja racional e objetivo sobre seu histórico). Algumas técnicas para você tentar: Conversa de auto-distância, por exemplo, eu falando comigo mesmo: "Luciane, você pode fazer este blog!" - essa técnica cria uma distância emocional das próprias experiências durante a auto-reflexão. Imagine-se dando conselhos a um amigo (sendo você, o amigo). Escreva seus pensamentos e sentimentos - escreva como se fosse o narrador de sua história. Isso ajudará você a entender o que pensou durante o momento em que a Síndrome do Impostor apareceu e ajudará você a se sentir melhor. 
  • Tenha alguém com quem conversar - é preciso vulnerabilidade para reconhecer que você se sente dessa maneira, mas as pessoas podem lhe dar perspectiva e ajudá-lo a ficar mais objetivo. A conversa pode ajudar a normalizar sua própria experiência. 
  • Seja gentil consigo mesmo! Pratique a auto-compaixão. 
Outro aspecto crucial para evitar a Síndrome do Impostor é construir sua confiança. E como faço isso? Acredito firmemente no poder de nossas próprias experiências. Ao longo dos anos, aprendi a valorizar meu desejo implacável de aprender e evoluir. Recuso-me a deixar que meus erros moldem minha identidade; em vez disso, uso-os como oportunidades de crescimento. Buscar continuamente novos conhecimentos e experiências tornou-se meu mantra. É importante filtrar as informações que você está recebendo perguntando a si mesmo: isso está alimentando meu ego ou alimentando meu crescimento? Sendo pró-ativa e orientada para o crescimento, acumulo conhecimento e experiências e isso me ajuda a construir confiança em mim mesma e a moldar minha jornada.

Ouvi Adam Grant, meu psicólogo organizacional favorito, dizendo que "quanto mais você cresce, melhor sabe identificar quais de suas falhas são aceitáveis". Esse conhecimento é ouro. Não se trata apenas de ter confiança no que você sabe, mas também de ter confiança para reconhecer o que você não sabe. 

Mesmo quando você se sente confiante e competente, a Síndrome do Impostor pode não desaparecer completamente. Mas quanto mais você se der compaixão, melhor será capaz de lidar com a autodúvida.  

Como seria no mundo ideal: 
  • Quando atribuímos nosso sucesso às nossas ações e desempenho e não a fatores externos - Não vamos sabotar nosso próprio sucesso! 
  • Estabelecemos expectativas realistas para nós mesmos e as cumprimos. 
  • Estamos confiantes e claros sobre o que podemos e não podemos fazer. 
  • O Síndrome do Impostor pode existir, mas não deve nos governar e impedir que avancemos 
Para pensar e refletir: 
  • A Síndrome do Impostor pode ocorrer no trabalho, mas também em casa. A introspecção ajuda no desenvolvimento da autoconsciência e nos ajuda a identificar nossos sentimentos com mais facilidade. 
  • “Conheço minha capacidade, quanto mais honro isso, mais emocionalmente descanso” por Alex Elle.
Bora dar o primeiro passo? 
  • Hoje, pratique curiosidade em relação as suas emoções - por exemplo, se um colega lhe disser que você está indo muito bem no trabalho e você ficar envergonhado/a e se questionar se o colega está sendo sincero. Pergunte a si mesmo: “Por que estou envergonhado/a? Por que estou questionando a sinceridade do meu colega?" 
  • Seja um campeão/ campeã do seu próprio sucesso! Preste atenção no que você está fazendo e sentindo durante os momentos em que se sente mais bem-sucedido. 
Vamos estudar mais 
  • Chatter by Ethan Kross - Como reduzir o diálogo interno e transformar nossa autocrítica em nosso maior aliado. O livro apresenta ferramentas práticas para você reduzir o ruído. 
  • Positive Intelligence Test - Este teste avalia os tipos de sabotadores (as vozes em sua cabeça) que geram emoções negativas na forma como você enfrenta os desafios cotidianos da vida. 
  • Imposter Syndrome - Este é um artigo abrangente sobre a Síndrome do Impostor. 
  • The tale of the two brains - esse é o discurso que comentei no video sobre a diferença do cérebro da mulher e do homem 
  • The greatest night in Pop - Bob Dylan é um dos maiores compositores de todos os tempos e neste documentário, quando é a vez dele de gravar, sinto que alguma autodúvida (possível Síndrome do Impostor) surgiu - eu não o culpo - tantos artistas incríveis na mesma sala definitivamente seriam intimidantes para qualquer um. 
  • Alex Elle - Eu a conheci pelo aplicativo do Headspace e adoro ouvi-la falar sobre auto cuidado e amor próprio

Art by Lara Carrillo
Art by Lara Carrillo

Comments

  1. Muito bom, geralmente m nos sabotamos mesmo. No livro O executivo e o elefante de Richard Daft. Ele sugere que temos um advogado interior. E ele não só nos sabota como nos faz acreditar que estamos certos em tudo. Este advogado sempre advoga a nosso favor e ganha quase todas as causas.

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  2. Adorei a dica sobre o livro, vou ler!!!

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