Permission to Pause

Clube do Bolinha

 

Senta que lá vem a história: 

"Lila, tenha cuidado com o que você diz. Hoje, no evento, você foi um pouco agressiva nos chamando, como se fôssemos parte do clube do Bolinha". Esse foi o colega de Lila compartilhando feedback sobre a atividade de equipe que eles tiveram - uma aula de culinária imersiva. Este evento global reuniu pessoas de diversos cantos do mundo. 

Reconhecendo a comida como um conector universal, Lila, como organizadora do evento, imaginou uma experiência culinária encantadora para promover conexões. Os participantes foram orientados a formar equipes menores, incentivando a colaboração enquanto cozinhavam juntos, saboreavam vinho e aproveitavam a oportunidade para se conhecerem melhor. 

Uma vez que as equipes foram formadas, Lila andou pela sala, garantindo uma mistura equilibrada entre membros de sua equipe interna e a equipe de visitantes. Com o objetivo principal de promover melhores conexões, os participantes foram encorajados a quebrar o gelo se apresentando para rostos desconhecidos e embarcando na jornada culinária juntos. Para surpresa de Lila, os seis homens brancos americanos haviam formado sua própria equipe. 

Naquele momento, ela observou que o "Clube dos Meninos" ou “Clube do Bolinha” parecia persistir. Quando ela os chamou de “Clube do Bolinha” foi uma tentativa de que eles se envolvessem com uma mistura mais diversificada de participantes. Ela podia sentir o desconforto deles com o seu comentário, e sua voz interna gritava com ela: "Quem é você para chamá-los assim?" 

Ao receber o feedback de seu colega, ela imediatamente reconheceu o incidente. Por um momento, a baixa confiança em si mesma apareceu, fazendo-a questionar a adequação de suas ações. No entanto, reconhecendo a importância de ser receptiva ao feedback, ela prontamente se desculpou com ele: "Me desculpe, eu só quero esclarecer que minha intenção não era ser agressiva ou te deixar desconfortável".

Vamos conversar sobre isso: 

Quantos de nós já vivenciamos situações semelhantes no local de trabalho? O que você faria se isso acontecesse com você? 

Estou orgulhosa do comportamento de Lila em confrontar seus colegas na aula de culinária? Com certeza! Estou orgulhosa de sua resposta ao feedback? De jeito nenhum! 

Às vezes, as mulheres se comportam de maneiras que violam normas de gênero. E ela fez exatamente isso. Como mulher, supõe-se que sejamos gentis, cuidadoras, prestativas e solidárias. No entanto, sua atitude de ser decisiva (insistindo para que se misturassem), assertiva (instigando-os honestamente a quebrar o clube dos meninos e conhecer outras pessoas) e forte (tendo coragem de chamá-los para fora) a colocou em violação do que se espera de uma mulher. Ela não estava apenas sendo competente (garantindo que todos aderissem às diretrizes da atividade), ela estava sendo percebida como agressiva. 

Quando me coloco no lugar de Lila, penso que eu saberia ser agressiva na mesma situação, porque esse é o tipo de situação que me irrita demais; não sou santa! No entanto, meus anos no mundo corporativo me ensinaram que a agressão pode ser percebida de várias maneiras e níveis, dependendo da situação e da pessoa com quem você está interagindo. 

Vários fatores podem contribuir para o mal-entendido e a exibição potencial de agressividade na comunicação, como: diferenças culturais, escolhas de palavras e comunicação não verbal (expressões faciais, gestos e tom de voz). Tudo isso mostra o fato de que qualquer pessoa pode ser percebida como agressiva se escorregar em algum dos tópicos mencionados, seja "ela", "ele" ou "eles". 

Infelizmente, líderes femininas tendem a enfrentar julgamentos mais rigorosos. Talvez seja isso que aconteceu no dia em que o colega de Lila deu feedback sobre ela ser agressiva quando desafiou o "clube do Bolinha". Ela enfrentou escrutínio por ousar desafiar o status quo e advogar por um grupo mais diversificado e inclusivo. Ela deliberadamente usou o termo "clube do Bolinha" para descrever com precisão o cenário - um grupo de seis homens brancos juntos. 

Embora seu tom de voz possa ter transmitido frustração no momento, suas emoções estavam contidas, já que uma expressão verdadeira provavelmente teria envolvido movê-los fisicamente para um grupo mais diversificado. Fiquem tranquilo, ela não fez isso! O que podemos observar ao analisar a situação pela qual Lila passou é que sua “Síndrome da Impostora” e insegurança estavam a todo vapor quando ela recebeu o feedback. A dúvida surge quando desafiamos a norma. No entanto, nesses momentos de incerteza, vale a pena lembrar: questionar, pressionar e até duvidar de si mesmo pode ser a própria essência de quebrar barreiras e forjar novos caminhos. 

Suponho que sentir-se um impostor muitas vezes vem quando você está abrindo novos caminhos. Quando as mulheres serão vistas como líderes inteligentes, compassivas e eficazes, e não emocionais, fofas e agressivas? 

Explorar e compartilhar histórias como esta pode esperançosamente capacitar mulheres jovens em sua jornada profissional e incentivar os homens a desenvolverem autoconsciência de seu privilégio. 

Como seria o mundo ideal: 
  • Nós, tanto mulheres quanto homens, falamos quando encontramos inadequações no local de trabalho, promovendo ambientes que não são apenas diversos, mas verdadeiramente inclusivos.
  • Tiramos um momento para desacelerar e refletir sobre o que aconteceu, corrigindo erros e considerando como nossos comportamentos impactam nossas equipes, colegas e colegas. 
  • Todos os líderes são universalmente vistos como decisivos, competentes, assertivos, inclusivos e fortes. Esses descritores devem se aplicar a qualquer líder eficaz, independentemente de seu gênero, raça ou orientação sexual. 
Vamos pensar e refletir: 
  • Que sentimentos surgem quando você lê esta história? Você teve uma reação semelhante à de Lila? Que lições você pode tirar da situação de Lila? 
  • Quando foi a última vez que você se sentiu assertivo ao se expressar? 
  • O que você pode fazer em seu local de trabalho para plantar uma semente de igualdade? 
Bora dar o primeiro passo:
  • Se você é mãe, fale com seu(s) filho(s) sobre o conceito de clube dos meninos e veja como ele reage - esse será um momento para educá-lo sobre as consequências desse tipo de comportamento. 
  • Se você é um/uma líder, envolva ativamente mulheres nos processos de tomada de decisão e garanta a representação feminina em todos os níveis (não apenas em posições junior). 
  • Se você é mulher, forneça oportunidades de mentoria para outras mulheres.
Vamos aprender mais:(livro e series on Apple TV)

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